quarta-feira, novembro 02, 2005

Ruas vagas...


Antes, quando eras uma ideia, nada mais, deixava que os pés me levassem por aí, ao sabor do sonho. O sonho ganhou asas, ou pernas, e partiu. Não desapareceu, ganhou uma textura, a carne revestiu o esqueleto difuso. Sinto a senescência conjunta, desde o início do tempo, das nossas almas (conceito ainda mais prolixo, mas que um dia, tal como prometeste, vais explicar-me) e não consigo exprimir isto, nem apelando a toda a minha razão, se a tiver. Sinto a noite na minha cidade, caminho ao longo dos lancis e imagino os teus passos, que me acompanham. Depois, quando chove, ou quando só eu sinto a chuva, evito os teus passos, mesmo imaginados, corro para longe deles, para que um dia não me façam falta. Nesses momentos as luzes redondas são disparos infernais que me atormentam, beliscam-me e atrapalham a minha peregrinação. Mas só porque caminho por passeios de pedras sinuosas, não significa que não possas apanhar-me... estou sempre a clamar o teu corpo perto de mim, a tua compleição etérea... mesmo que não me ouças.

4 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

hi!
what an extraoridinary picture:D
take care!
a.

10:55 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

por mais que no desviemos dos locais comuns, dos caminhos várias vezes percorridos, isso não nos impede de encontrarmos aquilo que mais desejamos esquecer. pior do que sentir saudade é o sentimento de perda, quando este é provocado por alguém que está perto...nesses casos o que fazer com o sentimento que nos preenche?

12:38 da manhã  
Blogger Vítor disse...

Perguntas-me como se eu tivesse resposta. O facto de ter dúvidas já é bom, mas não procuro amenizar o mal do mundo, nem sequer do meu mundo interior. São desabafos que ajudam a catalogar o que me magoa, uma espécie de placebo para uma patologia incurável. De qualquer forma, o tempo cura tudo. Vive, respira, sente tudo à tua volta, isso acaba por alargar a sala onde o teu coração hiberna oprimido.

Saudações cordiais meu/minha leitor/a,

12:43 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

o sentimento acaba por ser esquecido. os outros nunca podem fornecer soluções para as nossas opressões...não existem soluções mágicas. o simples acto de desabafar já ajuda a encontrar o caminho para fora da sala onde "hibernamos".

7:36 da tarde  

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