quarta-feira, março 23, 2005

cinzas... escultura de areia ressequida... o meu peito...

Encontrei, certamente não por acaso, uma centelha de ti no meu sonho. Foi terrível abrir os olhos, deixar-me fulminar pela luz, e ver que não estavas. Abri (mais uma vez) um precedente de inquietude, como se a falta da tua textura, de toda a minha capacidade háptica, me devolvesse a um estado embrionário em que não sabia o que era sentir, sentir-te. Respirando, assimilando, deixei de viver, outra vez. Ainda espero que me libertes do cárcere destes sentimentos de antanho, para ti, que, em mim, estão mais presentes do que nunca. Cada momento nesta opressão, ainda que no imaginário, é como o vento a passar num manto de cinzas, só que eu não estou a libertar-me dos restos queimados pelo tempo, eu sou o pó, ressequido, de mim, e disso liberto-me com o mais suave bafejo. Deixo de ser na tua ausência.