quarta-feira, março 31, 2004

ausência vs. vazio...

Pior do que não ter alguém que achamos que precisamos de ter perto de nós, é sentir o vazio absoluto. Magoam-me muito quando me tiram a esperança de algo... nunca deviamos perder a esperança, ela é o fio condutor da vida...
Neste momento preparo-me para repetir uma experiência de ausência. Vou fazer o Caminho Português de Santiago. A falta das pessoas leva-nos a interagir com mais eficácia, como se a comunicação, mais do que uma característica de pura inalienabilidade, fosse uma necessidade vital. Ainda assim, queria que algumas pessoas, que amo profundamente das mais variadas formas, fossem comigo. Vou levar a solidão ao limite e destrui-la... Ultreya...

terça-feira, março 30, 2004

existes também para mim...

É estranho. Fiquei sem escrever aqui durante algum tempo. Na verdade pensava que ninguém ia dar-se ao trabalho de ler isto, no entanto alguém está com atenção e procura as minhas palavras. A minha ausência durante estes poucos dias deve-se ao facto de ter sentido que nem aqui podia sentir conforto. Nem com palavras, nem com desabafos para o leitor desconhecido. Mas estou aqui, e vou continuar a escrever... é tudo o que tenho de emocional. E agradeço a quem lê isto, pois cada vez que isto for lido, alguém, de alguma forma, pensa em mim, ou imagina-me... e acompanha-me...
Em tudo o que de mal senti, e mostrei neste pequeno acervo de sentimentos banais, só me iludi. A solidão não é como eu pensava, é muito pior... e ao contrário do que muita gente possa pensar não se pode apagar ninguém das nossas vidas. Vamos ficar sempre com elas dentro de nós, algures... Acho que o mundo seria perfeito se as pessoas dessem e aceitassem segundas oportunidades para tudo. E quem as não aproveitasse, também não as merecia. E quem as aproveitasse seria ridiculamente feliz! Jamais se sentiria melancólico a ver um pôr-do-sol, como nos descreve o Principezinho... "lembrou-se dos poentes que ele próprio ia procurar outrora". Obrigado, meu/minha leitor/a... simplesmente porque existes, também para mim...

quinta-feira, março 25, 2004

como uma garrafa de plástico...

Certo dia vi uma cena dum filme interessantíssimo (de arrepiar, acrescento) de artes marciais, creio que com o Steven Seagal, na qual o tipo, violento como se tudo se resolvesse com músculos (viva a inércia), colocou uma garrafa de plástico no cano duma pistola, para silenciar os tiros.
Hoje, numa aula, num momento em que estava a afundar-me em sinapses terríveis, uma rapariga linda tocou-me no ombro e perguntou-me quando era a reposição do programa "clube de jornalistas"... Foi o momento mágico. Ela nem imagina que, por uma fracção de parcela temporal definida por alguém, foi o silenciador do grito provocado pelo amplexo permanente da minha dor.

segunda-feira, março 22, 2004

a primeira vez...

É a primeira vez que escrevo aqui, para o mundo ver. Ou não ver. É a melancolia da solidão, intrínseca, que me faz tentar plasmar pensamentos num meio em que todos possam ver... A pior solidão não é física. Todos temos uma imensidão de entes que nos são queridos, que gostamos de ter perto de nós. E, normalmente, temo-los connosco. É a solidão de desejar ter alguém que perdemos e que nunca será substituida. É a solidão de alguém que, apesar de tudo o que nos tira a força, desejamos ter connosco. É a dor da esperança que não sai de dentro de nós... Quem me dera que ela lesse isto. Quem me dera que ela ouvisse. Quem me dera que ela ainda sentisse...